Acho que extrapolei um pouco, mas se for pensar em tudo que vêm acontecendo encontrarei motivos de sobra pra me revoltar.
Tudo aconteceu ontem à noite depois de mais um dia cheio.
Abaixo reproduzo o e-mail que mandei para o meu psicólogo.
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Bom Dia Fábio:
Infelizmente hoje não é um dia perfeito. Briguei com o meu pai e ameacei de sair da sua casa. Tudo aconteceu por causa de um banho, por incrível que pareça.
Cheguei em casa pelas 23h00min, vim da faculdade, dei "oi" para o meu pai e depois desci pra cozinha, pois estava com fome, visto que tive um dia cheio, fazendo quatro cadeiras e sem tempo pra respirar direito.
Fui pra cozinha comer algo e depois subi para o quarto, sentei na cama para relaxar um pouco e fiquei. Lá pelas 23h30min resolvi tomar banho e aí a Leila chega de topique da aula. Meu pai vai até o banheiro e começa reclamar dizendo que poderia ter tomado banho antes porque agora a minha madrasta teria que esperar. Eu impaciente nervoso e sobrecarregado pelas coisas que vivi nos últimos dias respondi:
- Tá bom! Eu já estou saindo. -- Falei isso visivelmente irritado.
De raiva acabei resmungando e meu pai com isso ia me chegando me chamando de "lerdo". Falou mais algumas coisas que nem lembro mais, só sei que estava com tanta raiva que acabei me vestindo, coloquei uma roupa e fui pra rua.
Estava com a cabeça quente, a minha idéia naquele momento era ir pra bem longe. Caminhei uma quadra e voltei para aquela casa. Entrei na cozinha e a minha madrasta estava descendo a escada, olhei pra ela e falei:
- Um dia vou desaparecer e não vou mais incomodar mais ninguém. Ele tá de saco cheio, eu também tô. Melhor arrumar as minhas coisas e ir embora daqui.
Nisso, o meu pai ouviu o que falei e disse que não teria coragem de fazer aquilo e que estava falando da boca pra fora. Nem lembro como retruquei, mas disse que havia passado o dia todo fora e que ao chegar em casa tinha que passar por aquilo ainda.
Sabe Fábio, talvez tenha exagerado, mas se for pensar, isso tudo é reflexo da tensão que estou vivendo.
Sei que não sou uma pessoa fácil, mas meu pai também não é, aliás, é uma pessoa dificílima. Tenho medo dele!
Em parte ele tem razão quando se queixa de mim, infelizmente não sou o filho amigo, companheiro que ele gostaria de ter.
Mas fazendo um contraponto, ele também não é um pai amigo, companheiro que eu gostaria de ter.
Fábio, é tanta informação, é tanta coisa pra contar em uma seção que é realizada uma vez por semana. Por isso tomo a liberdade de lhe escrever para desabafar o que sinto colocar o meu ponto de vista se é que me entende.
Então, voltando ao assunto, peguei uma sacola e comecei a separar algumas roupas, mas nem terminei de arrumar. Sentei na cama e ouvi a minha madrasta e meu pai conversando. Ela falou que entendia tanto a situação dele como a minha e tentou demovê-lo de continuar pagando uma faculdade que para mim só trás desgosto. Ela disse que gosta do curso dela e também tem dificuldades e se pudesse se sentar no computador para estudar faria bem diferente de mim que não demonstro interesse pra nada em relação ao curso.
Meu pai foi irredutível e disse que se eu fosse trabalhar o que iria fazer? Porque não sei fazer nada e segundo ele teria que trabalhar como serviços gerais, acordar as 5 ou 6 horas da manhã, ter um chefe etc.
Outra coisa que ele comentou com a minha madrasta foi que de manhã quando colocou o carro pra fora, ficou observando (o "rapaz") o jeito que eu caminhava quando coloquei o lixo na rua. Disse que tentou filmar, mas não conseguiu. Falou que eu caminho como se estivesse me arrastando, como se em cada perna tivesse 100 quilos e que caminhava curvado. E aí ele falou que quando tinha a minha idade fazia um monte de coisa e não se cansava.
Depois falou que a minha irmã é "batalhadeira", que luta. Diferente de mim que sou um acomodado.
Meu pai falou que deveria assumir a minha idade e ser responsável.
Já ia esquecendo, a minha madrasta disse que nem parecia que éramos pai filho e que parecíamos inimigos. Meu pai disse que isso não vinha da sua parte, mas sim da minha.
Olha Fábio o que posso dizer é o seguinte: Tudo tem uma causa e uma razão! Se sou assim deste jeito não é só por minha culpa, mas os meus pais também tem uma parcela nisso.
Desde pequeno quando fazia alguma coisa errada, como desregular os canais da tevê, por exemplo, o meu pai me reprendia energicamente. Ele sempre foi muito enérgico comigo. Lembro que em alguns momentos ele me reprendia de forma simples, eu já começava a chorar.
Sobre a minha mãe, digo que sempre fui mais agarrado com ela, ela me deu muito carinho, colo, me protegia bastante. E a minha irmã já era diferente, sempre foi mais agarrada ao meu pai, talvez esteja aí à razão de os dois terem gênio forte e personalidade parecida.
Enfim, Fábio são diversas coisas que passam na minha cabeça e no meu interior. Agora estou na faculdade e passarei o dia aqui só pra chegar à noitinha em casa. É brabo isso!
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Então amigos, a situação não está fácil pra mim. Ontem peguei uma cartela de Tandrilax (relaxante muscular) com onze comprimidos e fiquei olhando e pensando: "se tivesse coragem, tomaria todos esses comprimidos.”.
Chega um momento que a paciência se esgota, ainda mais se a pessoa vive sobtensão como é o meu caso. Não vou negar que sempre pensei na morte com uma certa fixação como se fosse à solução de todos os problemas, porém ainda tenho equilíbrio e discernimento para avaliar que isso é um absurdo, mas que às vezes dá vontade de morrer e desaparecer dá.
Abraço a todos!