terça-feira, 1 de junho de 2010

Como Entrei no Curso de Fonoaudiologia

Como havia escrito no post anterior, falarei, ou melhor, contarei como entrei neste curso.

O ano era 2005, estava concluindo o ensino médio e estava numa fase muito boa da minha vida, comecei a me relacionar bem com os meus colegas e ficamos amigos, os professores modéstia a parte me adoravam, tanto que eu era um dos palhaços da turma e eles me pediam que eu os imitasse, pois gostava de fazer imitações de personalidades como Sílvio Santos, o Lula, O Gil Gomes e imitava alguns professores e colegas também. Posso dizer que conseguia arrancar algumas risadas!

Este ano foi marcante para mim porque alguns conseguiram se conhecer melhor depois da viagem que fizemos a Porto Seguro, a gente adquiriu uma cumplicidade para com o outro bem bacana. E posso dizer que foi nesta viagem que tomei o meu primeiro porre, o único até agora. Mas vamos aos fatos, como estava terminado o segundo grau, teria que optar por algum curso e a minha cabeça estava voltada para ser radialista, pois tenho uma boa voz, tanto que fui escolhido para ser um dos oradores da minha turma na formatura e logo que terminamos a celebração, vieram me cumprimentar e elogiaram-me bastante.

A inscrição para o vestibular foi feita pela minha irmã, porque estava em viagem e não teria como fazê-la, já sabia que este era o curso que escolheram pra mim e isto foi uma falha enorme da minha parte deixar que escolhessem por mim, pensei comigo: vou fazer este curso e ver no que dá, pois precisei de atendimento fonoaudiológico quando criança então tinha mais ou menos uma idéia de como seria o curso.

Pois bem, comecei o primeiro semestre cheio de novidades, visto que agora estaria entrando em outro mundo, não veria mais os mesmos colegas e professoras com quem me dava diariamente e sim um monte de mulher, sendo eu um dos únicos homens (na época eram três) do curso.

Um desses colegas trocou de curso e foi fazer História e outro continuou mais alguns semestres e teve que trancar a faculdade porque não tinha mais como conciliar a loja que tinha e o curso. Por tanto sobrou eu!

Várias vezes tentei argumentar para o meu pai que não conseguia me ver como Fonoaudiólogo e outras pessoas também já intercederam a meu favor sem sucesso numa de nossas últimas conversas sobre o curso disse o seguinte para o meu pai:

- Eu vou me formar nesta merda (me desculpem o palavrão) e depois vou fazer o que gosto.

Então me encontro numa situação complicada, sempre coloco um exemplo: às vezes me sinto como se fosse um menino que gosta de brincar de carrinho, mas é obrigado a brincar de boneca. Esta é a minha situação.

Entro na sala de aula e fico observando as minhas colegas falarem de Big Brother, de novela, do homem mais lindo, de quem cortou o cabelo primeiro, quem comprou aquele sapato primeiro, enfim assunto de mulher fico me sentindo um extraterrestre, um ser de outra galáxia, pois não tenho assunto para conversar e fora que algumas são "filhinhas de papai", salvo algumas exceções até parece que o mundo é perfeito, uma maravilha.

Talvez o problema esteja em mim, não sei, mas lembro-me de uma carta que recebi de uma colega na época do ensino médio na qual dizia que ela estava muito feliz pela minha mudança e que eu era uma pessoa que se identificava com muitas pessoas. Aquela minha mudança se deve ao fato de ter recebido ajuda de professores, da minha psicopedagoga, do meu psicomotricista, mas eu também quis mudar e foi uma mudança significativa, pois eu tinha com quem conversar e me dava super com os colegas.

Imagina você, fazendo um curso que não gosta por obrigação, imagine você sendo o único homem ou mulher do seu curso. Como você se sentiria?

Penso que amadureci bastante, não sou mais aquele guri de 18 anos, brincalhão que divertia os colegas e professores, mas não posso negar que sinto falta dessas companhias que agora acho difícil retomar simplesmente pelo fato de o "tempo" ter esfriado a nossa a amizade.

Enfim vivo numa luta contra mim mesmo na qual posso sair vencedor ou perdedor. Como já escrevi em outros posts preciso me "remendar", e para que isso comece a dar certo preciso encontrar um emprego, pois como diz aquela celebre frase de Chico Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

2 comentários:

  1. Querido

    Entendo suas aflições numa classe onde só tem mulheres. Entretanto vc disse algo que me preocupou: "...acho que amadureci bastante e já não sou mais aquele garoto brincalhão". Amadurecer não significa perder a alegria. Amadurecer significa encarar o que a vida te dá como oportunidade e não como obstáculo. Já pensou que ser um fonoaudiólogo do sexo masculino talvez te traga imensas vantagens? Que talvez não seja o curso que te desagrada e sim essa circunstância de ser o único homem? Você só tem 22 anos, meu amor. A vida está inteira aberta a sua frente. Não tenha pressa, não se atormente demais. Seja seu melhor amigo e se dê o apoio que vc precisa. A limitação do dinheiro é complicada, mas pode ser resolvida. Se desistir da fono, já sabe o que gostaria de fazer? Haverá tempo de sobra pra isso.
    Você me parece um menino inteligente, consciente, lutador e que tem o apoio e o amor de sua família.
    As coisas se ajeitam a seu tempo. Mas não rejeite suas circunstâncias e sim aproveite cada momento de sua vida.
    Você não foi tomar o chocolate comigo... Vá! To te esperando.
    Beijos.

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  2. Como eu já te disse, mude de curso, seu pai não tem o direito de escolher seu futuro. Pra mim fazer meu curso de economia no ano que vem, terei que receber apoio financeiro do meu pai, já disse a ele, - se o senhor não me apoiar, irei fazer o curso na usp mesmo assim e sairei de casa muito decepcionado com o senhor.
    Eu não recebo apoio dos meus pais pra fazer meu curso, mas mesmo assim irei, irei fazer o meu futuro, quem escolhe o meu futuro sou eu e você deveria fazer o mesmo. Procure um emprego, mude de curso e vá morar em uma republica (dizem que é muito bom morar sozinho).Eu não trabalho e não sou muito dependente do meu pai, fiz meus 18 em março e estou tirando meu documento (meu reservista que nunca sai) e depois irei trabalhar, como moro no interior não tenho muitas oportunidades, o que sobrou-me é trabalhar nos frigoríficos aqui da região ou na Ypê(que fabrica produtos de limpezas). Terei que acordar às 3hs da madrugada para ir trabalhar chegar a 5:30 da tarde, 6:20 estar no ponto para pegar o ônibus para ir a escola e depois chegarei só às 11hs da noite. Vai ser um sacrifício, mas é necessário. Eu tenho certeza, se você procurar com vontade você encontrara um emprego. Acho muito difícil o emprego bater na sua porta. Isso é muito importante para sua independência. Talvez no ano que vem, se você quiser, porque você não vai pra sp pra gente fazer usp, curtir umas baladas, fazer um curso de teatro que é bom para perder nossa timidez.

    Saia desta depressão e vá curtir a vida, você é quem faz ela e ela é única é só esta, aproveite.

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