Sabe quando tudo parece estar bem e de repente acontece
algo que te derruba. Hoje de manhã tive um incomodo com o meu pai. Antes de
qualquer coisa gostaria de comentar que tenho tentado tirar o
"rotulo" de TDA e Distímico. Já usei esses dois problemas para justificar
os meus atos. O problema é que preciso lidar com a incompreensão do meu pai. A
nossa relação é muito difícil e aqui no blog dá pra conferir um histórico de
coisas que escrevi a respeito dele.
Sobre o incomodo que tive, meu pai
voltou do mercado com as compras e pediu para que descarregasse o carro. Tirei
as compras e ao guardar os ovos deixei os velhos embaixo e os novos coloquei em
cima dos velhos. Meu pai, sem brigar chamou minha atenção dizendo que tinha que
ser "mais ligado". Fiquei quieto, não falei nada. Depois ele pediu um
prato para poder colocar um pedaço de carne para descongelar e eu vendo o
tamanho da carne peguei um "pratinho". Pronto! Tive que ouvir um
monte de coisas que tentarei reproduzir porque minha memória é falha. Meu disse
que eu ia sofrer muito na vida, que não sabia fazer nada, não sabia o que era
levar "mijada" de patrão e o que seria de mim quando ele morresse. Eu
ia ouvindo e falando baixo "por favor,", "por favor". Meu
pai me cobrou que não estava indo atrás de emprego, que não ia procurar as
escolas para oferecer os meus serviços de fonoaudiólogo e que eu precisava ter
atitude.
Fiquei irritado com o que ouvi e
passei a retrucar que passei seis anos estudando uma faculdade, sem ter como
trabalhar porque o curso era diurno o que me impedia que tivesse um turno livre
e que deixei que mandasse demais na minha vida sem poder impor a minha vontade.
Meu pai me indagou sobre qual curso gostaria de ter feito e eu falei que queria
ter feito jornalismo e aí ele perguntou: "quem vai te contratar?”.
Ele disse que tinha falhado comigo
e que era para tomar uma decisão. Acontece que não fez um ano que me formei.
Trabalhei numa clínica como terapeuta e não dei certo, mas agora estou correndo
atrás. Deus colocou uma pessoa no meu caminho, uma colega de profissão. Tenho
realizado audiometrias toda semana pra ela e com isso estou ganhando pouca
coisa, mas a tendência é que surjam outras oportunidades de trabalho. O
problema é que não vai ser da noite para o dia que conseguirei um emprego em
que ganhe quase R$ 2.000,00. Não é bem assim. Tudo se dá aos poucos.
Em relação às escolas, meu pai
gostaria que eu fosse a algumas para oferecer os meus serviços para os alunos
que tem dificuldades de aprendizagem e de linguagem, só que essas instituições
não contratam fonoaudiólogos. Há algumas semanas visitei uma escola estadual em
que minha mãe trabalha como servidora pública, a professora me contatou para
falar a respeito de uns alunos com problemas de linguagem. Deixei claro que
poderíamos conversar numa boa, sem compromissos e até hoje não obtive retorno.
A realidade é que alguns pais não
enxergam problemas nos seus filhos. Lembro que na Clínica-Escola de
Fonoaudiologia questionava os pais sobre o motivo que trazia os seus filhos ao
atendimento fonoterapêutico e a maioria respondia que a escola que havia
encaminhado. É bem assim.
É complicado falar, passar por
essas situações não é nada fácil. O psicólogo do CAPS disse que meu pai teria
obrigação de pagar um tratamento pra mim e que eu era o responsável por estar
nesta situação e meu pai o corresponsável.
Enfim, vou levantar a cabeça mais
uma vez e tentar dar a volta por cima. Já superei tanta coisa e como cristão
deixo tudo nas mãos de Deus e nosso senhor Jesus Cristo.
Abraço a todos!
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