Em algumas postagens me refiro mais ou menos assim "essa história deixarei para outro post". E ao fazer uma nova postagem acabo esquecendo de contar àquela história que tinha prometido. Sou assim, fazer o quê. Preciso ter cuidado para não me perder e isso é a coisa mais fácil de acontecer.
Segunda-feira foi um dia extremamente difícil, foi um daqueles dias em que estava mergulhado na depressão, totalmente abatido e sem vontade alguma. De manhã cheguei a me trancar no banheiro para chorar pelo fato de não estar mais suportando a solidão e a condição de não estar trabalhando na minha área.
Cheguei ao extremo e rezei para que Deus me alivia-se um pouco, pois estava difícil de mais. Chega um momento em que tudo se torna insuportável como a solidão, à carência exacerbada que sinto e a tristeza por não estar trabalhando.
Nem sei por quanto tempo fiquei trancado no banheiro, mas depois fui auxiliar minha madrasta no manuseio do Word, pois como está dando aula, ela precisa saber sobre alguns recursos, como salvar os trabalhos feitos etc. Ela fez uma brincadeira comigo e eu não ri, se fosse em outro momento riria com maior naturalidade.
A tarde não tinha o que fazer, queria sair de casa para dar uma volta, mas como estava chovendo ininterruptamente não tinha como sair e sem alternativas fiquei em casa e resolvi lavar o chão do quiosque que estava encardido por causa de um pedreiro que foi lá em casa e sujou o piso. Na verdade isso serviu de subterfugio para ocupar minha mente, me distrair.
Comecei a lavar o banheiro primeiro e depois o chão e como estava suando tirei o agasalho. Meu pai desceu para pegar algo na cozinha, me viu trabalhando e disse que precisava tomar cuidado para não pegar um resfriado. Disse que estava tranquilo e continuei o meu trabalho.
Logo mais a noite quando estava na cozinha, o meu celular começa a tocar, era um número desconhecido. Atendi a ligação, era uma fonoaudióloga querendo conversar comigo a respeito de realizar audiometria. Ela então solicitou que eu comparecesse até o seu consultório para conversamos.
Quando terminei a ligação comecei a rir sozinho, o semblante de tristeza que carregava se modificara para o de alegria. Estava muito contente.
No dia seguinte acordei bem cedo e tratei de me arrumar bem. Peguei o ônibus para um município próximo da onde resido. Cheguei lá com bastante antecedência e isso fez com que eu caminhasse um pouco para o tempo passar. Esse consultório fica localizado em uma avenida cheia de lojas.
Peguei o celular e vi a hora, faltavam mais uns 40 minutos, mas mesmo assim me dirigi para o consultório da fonoaudióloga. Ao chegar lá me deparei com uma recepção bonita, na verdade sou péssimo para descrever ambientes e situações, portanto peço que me desculpem. Me apresentei como fonoaudiólogo para a secretária dizendo que a fono tinha marcado uma entrevista comigo.
A secretária pediu que aguardasse e foi o que fiz. Observava a porta do consultório desta fonoaudióloga desejando que tudo desse certo para mim. A porta se abriu, a fono pediu que eu esperasse mais um pouco e depois me chamou.
Não estava nervoso e nem receoso, muito pelo contrário, me sentia calmo. Ela fez algumas perguntas do tipo: como eu fui parar na fono, as experiências que tive no estágio e eu fui sincero, falei só a verdade e expus as dificuldades que passei, falei do déficit de atenção e da depressão que tive, do relacionamento com as colegas e ela era só ouvidos, olhava fixamente para mim. A fonoaudióloga se impressionou com a forma como tratava os meus pacientes, ou seja, eu não via só o diagnóstico do paciente, mas o olhava como um todo. Falei que gostava de motivar os meus pacientes também. Ela falou uma coisa muito bacana: nós fonoaudiólogos temos que ser amigos dos nossos pacientes.
Depois dessa conversa a fono me passou a relação de quinze funcionários para realizar audiometria ocupacional. Ela foi uma simpatia comigo! Outra coisa importante que a fono falou é que saímos da faculdade sabendo muito pouco e se colocou a minha disposição para esclarecer possíveis dúvidas a respeito de audiologia e terapias.
No fim da conversa, ela apertou minha mão e me deu um abraço. Fui apresentado para a sua secretária e nos despedimos.
Sai daquele consultório radiante e muito feliz. Liguei para o meu pai, para minha colega (subordinada a esta fonoaudiologa e responsável por ter me indicado a ela), minha irmã. Todos ficaram muito contentes! Foi um dia atípico e o que aconteceu depois é algo que contarei num outro post porque este já foi longo demais.
Abraço a todos!