sábado, 14 de agosto de 2010

Um Choque de realidade

Como fiquei sumido por uns dias devido à falta de novidades, ontem à noite fiz um post contando como foi a minha semana acadêmica e o grau de dificuldade que terei que enfrentar em algumas disciplinas, mas deixei de contar um fato que me deixou impressionado e chocado e isso serve para muitos que reclamam de coisas tão banais como ter que acordar cedo, da comida, do trabalho etc.

Ontem à tarde fui para o Hospital Municipal de Novo Hamburgo por causa da disciplina de estágio. Fui o primeiro a chegar e com bastante antecedência, visto que o estágio começava às 13h45min e eu estava lá desde a 13h00min. Pensei que estava aguardando no lugar errado, mas fiquei esperando sentado num banco do prédio que a Feevale tem no hospital.

De repente as minhas colegas chegaram juntas e até brinquei fingindo indignação por estar esperando tanto tempo.

A professora nos levou até a sala de reuniões e lá pude deixar meu casaco, a pasta e trajar o meu jaleco. Saindo da sala iniciamos o nosso "tur" pelo hospital conhecendo primeiro a UTI neonatal a onde encontran-se os bebês prematuros que ainda precisam ficar sob os cuidados atentos dos médicos e das enfermeiras.

Via aqueles bebês e ficava comovido e impressionado, pois eram tão pequeninos. A professora nos explicava sobre os aparelhos e as mamadeiras medindo os "mls" que cada bebê deveria tomar e as pastas nas quais, uma seria a nossa para fazer a evolução de cada paciente e a dos médicos que serviria para nos orientar.

Saímos da UTI neonatal e caminhamos pelos corredores do hospital, não pude deixar de perceber o ambiente e o "clima pesado". Vendo aquelas pessoas acamadas nos corredores por falta de leitos fazia com que gerasse um sentimento de comoção entre nós.

Algumas pessoas até imaginam e muito bem como é um hospital municipal, mas só quem está lá dentro sabe como é. Íamos caminhando pelos corredores vendo alguns idosos acamados nos corredores e outras pessoas em semelhante situação.

A pior parte vem depois e aí posso dizer que o que vimos foi um choque de realidade. A nossa professora conseguiu com que entrássemos na UTI a onde estão às pessoas que sofreram acidentes graves e outras que estão numa situação extremamente delicada. Víamos aquelas pessoas que a qualquer momento poderiam estar se despedindo desta vida ou não.

Observei tudo atentamente e via alguns idosos entubados com a boca aberta e os olhos entre abertos, difícil não se impressionar. Logo mais fomos até um rapaz que estava sendo tratado pelas gurias da fisioterapia da faculdade. Elas nos falaram que o rapaz havia sofrido um acidente de moto no último domingo e que havia se machucado muito, inclusive quebrou alguns dentes.

Saímos desta ala do hospital e fomos até a ala particular e percebemos a diferença na cor das paredes dos corredores e no piso e conforme caminhávamos pelas outras dependências víamos as pessoas espalhadas pelos corredores.

Terminamos a nossa observação e voltamos para a sala de reuniões e a professora disse:

- Falem agora.

- Estou chocado e até vou usar uma frase que é mais ou menos assim: "nós não somos nada". Isso na verdade é um choque de realidade porque a gente até imagina como é, mas não faz idéia.

As gurias também falaram demonstrando interesse em ajudar aquelas pessoas e de repente uma começou a chorar comovida com a situação dos pacientes da UTI, a professora e eu fomos abraçar a colega. De fato estávamos comovidos não tinha como negar. Estávamos conhecendo uma outra realidade, vendo como a vida é de verdade.

A professora falou que não poderíamos deixar transparecer nenhum sentimento de comoção, mas que, no entanto quando ficássemos na sala de reuniões poderíamos falar e externar tudo o que havíamos visto.

Logo mais a professora tratou de descontrair o ambiente e eu fui atrás soltando as minhas "perolas" e depois fomos embora.

Depois que sai do hospital fiquei pensando no meu amigo que faleceu há um mês e alguns dias, pois um dia antes pensei em visitá-lo no hospital sem saber o que e como o veria. Por mais que imaginamos como é a rotina de um hospital não tem como saber a não ser vivenciando o dia a dia.

Então posso dizer que me tornei mais humano do que já era ao ver aqueles bebês tão prematuros e aqueles pacientes adultos na UTI. Penso que muitas pessoas deveriam conhecer um hospital de verdade, ainda mais se for municipal para ver a realidade como ela é e dar graças a Deus pela cama em que dormem, pela comida de todo o dia e pala saúde que tem.

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