quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Que vontade de sumir e ficar só!


A tristeza se abateu sobre mim e agora como expulsá-la? Talvez deva esperar uns dias, ou uma semana para que dê uma trégua novamente. É sempre assim. As oscilações são momentâneas como sempre digo, pois tudo pode mudar de repente e só quem sofre de distimia ou é bipolar sabe como é.

Fui para o estágio no Hospital Municipal de Novo Hamburgo cabisbaixo e um pouco abatido, não sabia o porquê, a causa, o motivo, a razão e a circunstância de me encontrar naquele jeito.

Era mais ou menos umas 12h30min quando cheguei, sendo que o estágio começa às 13h45min. Neste meio tempo que fiquei esperando a professora e as demais colegas chegaram, peguei os polígrafos sobre os atendimentos nas UTIS neonatais e comecei a ler, mas não estava a fim de ler e guardei os textos na minha pasta e liguei o rádio para começar a escutar o horário eleitoral gratuito. Para alguns é uma tortura ter que aguentar um monte de políticos a maioria prometendo um monte de coisa e para os outros é um ótimo momento para dar boas gargalhadas por causa do perfil e estilo de cada candidato.

Terminada a propaganda política escutei o "Pretinho Básico" na Atlântida e depois de quase uma hora a professora e as minhas colegas chegaram. Larguei minha pasta e o casaco no armário e vesti o jaleco. Fomos até a UTI neonatal e a professora examinou um recém nascido prematuro mostrando como se faz a avaliação de sucção e outras coisas que fizeram com me sentisse "perdido".

E no final ela falou brincando que eu iria avaliar o próximo bebê, brinquei dizendo que iria inventar uma dor de barriga e não iria comparecer no estágio. Falei brincando, mas por dentro estava bastante preocupado em fazer a avaliação e a evolução dos pacientes (preencher as pastas dos médicos).

Terei que estudar bastante, mesmo estando triste desse jeito preciso tentar pelo menos.

De noite cheguei em casa e para resumir a história olhei pela tevê o jogo do Inter e depois o do Grêmio com o meu pai. O jogo do Inter foi às 19h30min e o do Grêmio 21h40min. Até aí tudo bem, só que no segundo tempo do jogo do Grêmio quando era mais ou menos umas 23h20min deitei no sofá e cochilei um pouco, meu pai me acorda dizendo que a minha madrasta chegou e que deveria abrir a porta para ela. Abri e fui desligar o computador que estava ligado e como estava caindo de sono desci até a cozinha pra tomar sopa e quando subi para a sala meu pai reclamou que eu deveria ter feito uma arguila (para quem não sabe, arguila é uma espécie de cachimbo árabe) para que fumássemos, mas eu não estava a fim de fazer e aí ele falou "que também vai deixar de pagar as minhas contas e deixar de fazer comida..." bom, não falei nada, fiquei sentado no sofá e ele foi deitar sem dar boa noite. Não sabia o que pensar e desci pra cozinha pra tomar água e escutei ele se queixando de eu não ter feito arguila e reclamando do tênis que comprou pra mim, do valor da minha faculdade e etc.

Me deu uma raiva ter que ouvir aquilo porque não peço nada para ele, apenas o estritamente necessário e se não fosse a minha madrasta ter falado que eu estava com os dois pares de tênis furados com certeza estaria sem tênis e molhando os meus pés nos dias de chuva.

Subi pro quarto e comecei a escrever uma carta para a minha madrasta. Nem parecia que era eu que estava escrevendo por causa da letra que mais parecia garrancho e os erros de português.

Naquele momento resolvi escrever pra ela porque me compreende e sabe da minha situação fazendo o que pode para me ajudar.

Nesta carta expressei a minha raiva e a tristeza por ter que passar pelas situações que eu passo, pela falta de compreensão do meu pai que não entende que nós seres humanos, mais precisamente o filho dele tem problemas emocionais e precisa de ajuda, pois pra ele problema mesmo são pessoas que não tem dinheiro e um monte de contas para pagar.

Escrevi que já havia pensado várias vezes em me matar e acabar com tudo e se não fiz isso é por que a minha mãe sofreria bastante, pois os parentes mais próximos dela são: a minha irmã e eu, sendo que ela tem dois irmãos, um mora em Porto Alegre e o outro em Nova Petrópolis.

Terminei esta carta com a lembrança do Eraldo (este é o amigo que tanto falo e que partiu há algum tempo) quando nos fomos no seu apartamento e ele me abraçou e disse para o meu pai que ele não sabia o filho que tinha. O Eraldo era uma pessoa muito boa e de vez em quando me pego pensando nele, ou quando passo num viaduto e lembro quando ele passava de carro com a sua esposa e abuzinava para mim, ou quando passo de ônibus na frente do cemitério. São várias as lembranças e adjetivos que eu poderia tecer pra ele.

Deixei esta carta no outro quarto a onde minha madrasta organiza as coisas dela e fui dormir. Ao acordar de manhã voltei atrás e peguei a carta, talvez temi que ela se assustasse com o que escrevi e resolvi que hoje ou amanhã quando ver ela terei uma conversa na qual falarei que se o meu pai não me quiser mais naquela casa, eu saio sem problemas e vou morar com a minha mãe e aí largarei a faculdade e arranjarei emprego a onde possa ganhar o meu dinheiro e me sentir mais gente.

Vamos ver o que acontece até lá, mas no momento estou triste e cansado.

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