quarta-feira, 14 de março de 2012

Os meus pacientes

Desde que comecei a atender pacientes na clínica da universidade em que estudo, sempre esbarrei em algumas dificuldades como: lidar com o paciente e fazer a terapia dar certo.

O ser humano é um "bicho" complicado de se lidar. Um exemplo que dou é de um paciente que atendo um ano com o diagnóstico de desvio fonológico, ou seja, troca de sons na fala, e até agora vem sendo complicado trabalhar a questão de que o mesmo perceba que a palavra que ele acha que está certa está errada, outro caso é de uma paciente que comecei a atender no intensivo, o seu diagnóstico é o de deglutição atípica que está relacionado ao mau posicionamento da língua quando a pessoa deglute. Em outras palavras o seu problema está relacionado a uma das áreas da fonoaudiologia que eu tenho pavor: motricidade orofacial.

Já na segunda-feira atendo uma criança de seis anos com o diagnóstico de desvio fonológico moderado severo. Sua fala é bastante ininteligível e é preciso ter muita paciência para lidar com este paciente porque é uma criança agitada que não para quieta. Suspeito que seja hiperativa, mas não cabe a eu diagnosticá-la com hiperatividade, mas sim um neurologista, um psiquiatra. E além do mais não controla o esfíncter (usa fraldas). Já o encaminhei para avaliação psicológica e pretendo encaminhá-lo para um neuro também.

Os pacientes não têm culpa de ter tais problemas porque se eles procuram a fono é porque vem que ali está a solução para o que os afligem.

Os casos que citei são daqueles em que não gostaria de atuar como terapeuta, mas, entretanto tenho pacientes com os quais me identifico e que gosto de atender. Citarei dois.

A primeira é uma senhora de 61 anos com o diagnostico de gagueira. A gagueira é interessante, não tem origem, é multifatorial e além do profissional da fonoaudiologia, esse problema também pode ser tratado em conjunto com um psicólogo ou psiquiatra porque lida muito com o emocional do paciente e eu de certa forma tentei ser um pouco psicólogo desta paciente. Minha professora disse uma vez e com razão:

- Não somos psicólogos, mas sim fonoaudiólogos. E depois que tu se formar quem sabe pode fazer algo ligado psicologia e aproveitar depois da fono.

Casualmente hoje enquanto conversávamos a professora, meu colega e eu, ela disse:
- Já falei para o....... que depois que ele terminar o curso de fono, vai fazer psicologia.

A verdade é que gosto de conversar com os meus pacientes, principalmente quando não estão bem animicamente. Penso que nós profissionais da saúde temos que ter um pouco de psicologia para lidar com determinadas pessoas eu não descarto de um dia fazer psico.

Voltando a esta paciente, posso dizer é que ela vem melhorando, gosta de vir aos atendimentos e da minha parte tento fazer o melhor seja conversando ou fazendo terapia de gagueira.

O último paciente é um senhor de 78 anos que vinha sendo atendido a um bom tempo na clínica, ele tem o quadro de disfonia organufuncional (que é uma lesão estrutural benigna secundária ao comportamento vocal inadequado ou alterado. Geralmente, é uma disfonia funcional não tratada, ou seja, por diversas circunstâncias a sobrecarga do aparelho fonador acarreta uma lesão histológica benigna das pregas vocais.). Ao atendê-lo mantive a conduta adotada pelas estagiárias anteriores, mas com o tempo fui mudando a terapia e hoje vejo meu paciente com uma voz bem melhor, já não tão mais fragilizada. Conversando com minha professora sobre o paciente, ela me disse que se eu fizer os exercícios certos quem sabe dentro de 60 dias poderemos dar alta para ele. Fiquei muito feliz. É gratificante.

Preciso ainda aprender a lidar com determinadas situações, mas aos poucos eu vou conseguindo vencer algumas limitações.

Abraço a Todos!

Um comentário:

  1. Oi Ikki.
    realmente existem alguns pacientes que nos identificamos, e ja outros não, mais o que importa nessa tragetória toda, é termos paciência, e ajudá-los em tudo aquilo que for possível, e cabível a nossa atuação.

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