segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Recapitulando Tudo

Em 2006 iniciei na faculdade, recém havia me formado no segundo grau, estava feliz por ter conseguido aprovar em todas as matérias e me formar com a turma 23A. Nós sempre falávamos que nunca iria existir uma turma tão unida e tão amiga quanto foi a nossa.

Nesta época havia tornando-me uma pessoa feliz deixando de lado aquele adolescente rabugento e mal humorado que se isolava de todos.

Comecei a me "soltar" justamente no último ano de ensino médio, virei um palhaço, gostava de imitar alguns professores e também alguns artistas como Sílvio Santos, o Gil Gomes. Os alunos das outras séries às vezes me abordavam pedindo que fizesse a imitação clássica do homem do baú. Posso dizer que não era popular no colégio, mas algumas vezes me sentia como se fosse.

Era engraçado, os professores pedindo para que eu os imitasse e eu constrangido relutava em fazer e no final acabava imitando.

O que ficou na minha memoria foi à viagem que fizemos para Porto Seguro, nem todos puderam ir, mas os que foram (incluindo eu) criaram um vínculo maior de união e amizade.

Quando voltamos da viagem já estávamos a poucos meses da formatura e em dezembro de 2005 estava passando por sérias dificuldades nas disciplinas de física, química e matemática e o mais legal disso tudo é que a minha turma me deu a maior força dizendo que eu tinha que me formar junto com eles e que também conseguiria passar nas matérias.

Nesta "turbulência" fui convidado por um professor que alguns anos atrás estava louco pra me reprovar para ser o narrador do teatro de natal que o colégio estava organizando. Relutei bastante porque tinha receio de que não daria conta e também pelo fato de estar bastante preocupado em relação às matérias que precisava passar, mas no final aceitei, fizemos o ensaio.

O teatro se deu no ginásio do colégio, estava com as arquibancadas cheias, ninguém me via porque estava atrás de um pano preto.

Lembro que no inicio estava nervoso, mas depois fui me acalmando na medida em que lia o texto e após encerrarmos as apresentações comecei a receber os abraços da diretora e dos de mais professoras que se faziam presentes.

Um dos abraços me deixou emocionado. A professora de matemática venho me cumprimentar pelo teatro e também por ter conseguido passar na matéria dela.

Sai do ginásio correndo de felicidade. Estava passado e iria me formar junto com a minha turma, com os meus amigos. Que emoção!

Na formatura fui escolhido para ser um dos oradores e como de praxe também relutei por causa da timidez de ter que falar em público, mas no final encarei o desafio.

Embora tremesse de nervosismo, mais uma vez dei conta do recado. A alegria estava presente em todos nós.

Depois da formatura do ensino médio a minha vida mudou e muito. Meu pai e minha irmã haviam escolhido o curso de fonoaudiologia e na época acabei aceitando fazer para ver o que iria acontecer. Não tinha nenhuma opinião a respeito do curso.

Logo no inicio estranhei bastante pelo fato de as turmas das disciplinas serem só de mulher. No começo havia mais dois homens junto comigo. O primeiro fez um semestre e depois mudou para história e o segundo trancou a faculdade por não ter condições de conciliar o negócio que tinha com os estudos e eu acabei por ficando como o bem dito fruto entre as mulheres.

Sentia-me mau por não ter assunto para conversar com as meninas, ainda mais sendo tímido do jeito que sou. A minha timidez, tem um limite, se eu conheço uma pessoa com quem me dou bem, já viro extrovertido, começo a falar bobagens e fazer palhaçadas.

Este processo acabou desencadeando uma depressão, pois me afastei dos colegas de colégio e eles de mim, não tinha mais aquela rotina escolar e sim uma nova realidade, uma nova situação na qual não estava conseguindo me habituar.

O primeiro semestre foi de novidade para mim porque estava iniciando a vida acadêmica. Fiz quatro cadeiras e acabei reprovando em uma. Contei para o meu pai e ele ficou "de cara" comigo e a partir daí comecei a me tornar mentiroso porque tinha receio de dizer a verdade e medo das reações do meu pai porque ele sempre foi muito enérgico comigo desde que eu era criança.

Fui levando a coisa como dava. Passava em três cadeiras e reprovava numa e ia mentindo. Cada semestre que passava ia aumentando ainda mais o meu desânimo, pois percebia que não conseguia "acompanhar" a minhas colegas e também pelo fato de não ter com quem conversar alguém para estabelecer uma amizade, enfim.

Após vários semestre o meu pai resolveu averiguar a minha situação acadêmica e isso só aconteceu por causa da minha madrasta que incutiu isso na cabeça dele e a partir daí a minha mascara começou a cair.

Ele entrou em contato com a minha coordenadora, trocaram alguns e-mails e ela falou do meu aproveitamento e de que havia se reunido com os demais professores, numa reunião de colegiado de curso, no qual se falou dos alunos que estavam repetindo disciplinas. Com isso deixou bem claro de que não tinha apenas uma reprovação, mas sim outras.

Não tenho nada a reclamar da coordenadora do meu curso. Foi transparente e mostrou-se preocupada com a minha situação.

Depois da conversa de ontem que meu pai teve comigo passei a pensar incessantemente sobre gostaria de fazer. Preciso tomar uma decisão, estou na prensa e tenho que decidir logo porque como meu pai falou as coisas vão ser diferentes: não poderei dormir até as 08h30min, terei de acordar cedo, mesmo que não tenha compromisso e por aí vai.

De manhã ele perguntou o que havia decidido e eu respondi que iria trancar a faculdade e que estava pensando em optar por um curso de informática. O que o meu pai queria é que eu não fosse subordinado por ninguém e trancando o curso isso iria mudar porque terei que ir atrás de trabalho e também passarei a ter chefe.

Após ter trocado umas palavras com o meu pai, sai e fui caminhando a pé até o centro. No caminho ia pensando a respeito do meu futuro e o que deveria fazer.

Fui pra parada de ônibus, a minha mãe ligou e contei a novidade pra ela, depois me retornou mais tarde dizendo que minha irmã também havia ficado feliz por mim e também me aconselhou de como deveria agir com o meu pai.

O ônibus chegou e eu comecei a fazer o mesmo trajeto no qual me acostumei a fazer quase todos os dias. Cheguei na clínica e esperei um pouco porque a minha professora (coordenadora do curso) estava em aula. Neste meio tempo fiquei pensando no que iria dizer até que ela me chamou. Entrei na sala, tinha mais umas colegas minhas, ela já ia abordar a respeito das disciplinas que precisaria fazer quando falei que gostaria de conversar em particular com ela.

Fomos para a outra sala da clínica e lá externei pra ela a respeito das minhas dificuldades em relação ao curso, falei da minha depressão, de que não conseguia "acompanhar" as minhas colegas em aula. Fui transparente, ela nem esperava que eu fizesse isso, de largar o curso, mas foi bem compreensível.

Disse que a gente tem que fazer aquilo que gosta e me deu o nome de um lugar para procurar em Porto Alegre a onde oferecem curso de locução.

Agradeci e nos despedimos.

Procurei deixar bem claro que não estaria descartando a possibilidade de um dia voltar pra fono, mas que agora precisaria de um tempo para avaliar se a decisão que havia tomado teria sido certa ou não.

Sai da clínica sem saber o que estava sentindo. Resolvi escrever recapitulando mais ou menos tudo que aconteceu até chegar a este desfecho, desde o último ano de ensino médio até este exato momento em que estou cancelando o curso.

Espero poder me "achar", me "encontrar" e ser feliz, apenas isso.

Abraço a todos!

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