quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Lutando Contra o TDAH

Com o passar do tempo passamos por mudanças que a vida nos impõe, seja mudança de condição social, afetiva, comportamento, etc. Sempre fui uma pessoa calma que dificilmente se exaltava a não ser quando pisavam nos meus calos aí me descontrolava um pouco.
O fato é que passei por muitas situações complicadas e desde pequeno sofri por ser uma pessoa "desligada", desatenta que ficava "viajando" em sala de aula e que tinha dificuldades de reter informações e cumprir ordens complexas. Por muitas vezes fui reprendido por não conseguir fazer algo que parecia tão simples de forma correta. Sofri bastante, foi doloroso!
Ouvia tudo e ficava calado, me sentia incompreendido e só, mas pelo menos algumas pessoas conseguiam me compreender e até ficavam com pena de mim.
Quando estava na pré-escola precisei ficar mais um ano, pois não estava apto para ingressar na primeira série devido à dificuldade motora (me fugiu a palavra). Tinha dificuldade para abotoar casaco e amarrar os tênis. Fiquei mais um ano e então passei para a primeira série.
Na primeira série tive que lidar com a dificuldade de escrever, escrevia muito devagar e não conseguia acompanhar os demais colegas. A professora era um anjo, pois sempre me tratava com muito carinho e ficava depois da aula copiando o dever de casa no meu caderno.
Na segunda série era a mesma professora e esta sempre se colocou ao meu lado me ajudando e com muito esforço passei para a série seguinte.
A minha vida escolar foi dramática, quem sabe contrate um desses escritores para fazer a minha biografia, pois escrever é diferente de falar e ao escrever acabo deixando de lado muitas coisas relevantes que aconteceram.
O que posso dizer é que nunca rodei de ano, mas passava com "as calças nas mãos" e olhe lá. Sempre fazia as aulas de reforço que a escola disponibilizava até que comecei a me tratar com uma psicopedagoga e um psicomotricista que foram de grande valia para que conseguisse melhorar nos estudos. Eles eram as muletas que auxiliavam a caminhar e graças aos dois terminei o segundo grau e iniciei a faculdade.
A faculdade também não foi nada fácil e por muito tempo precisei lutar sozinho, tirando forças não sei da onde para continuar. Quantas aulas escutava os professores explicando a matéria e nada me entrava na cabeça enquanto isso tinha colegas que iam bem nas aulas, participavam e eu no meu canto calado tendo que lutar contra a minha dificuldade e contra mim mesmo.
Até então eu já presumia que poderia ter transtorno de déficit de atenção, mas sem hiperatividade. As características batiam com as situações vivenciadas por mim.
Os sintomas de TDAH que me acometem são: dificuldade para manter atenção nas tarefas, dificuldade para terminar tarefas, dificuldades de organização, distração e problemas de memória.
Na faculdade tive diversas reprovações que escondia do meu pai por medo. Eu "maquiava" as minhas notas e depois fazia novamente as cadeiras até que um dia a minha "mascara" caiu. O meu pai descobriu tudo e tivemos uma séria discussão e ele perguntou o que iria fazer e eu respondi que trancaria a faculdade.
Durante duas semanas tranquei a faculdade e fui atrás de emprego sem saber que meu pai estava "costurando" o meu retorno à faculdade, mais precisamente ao curso de fonoaudiologia.
Estava atrasado em relação aos demais colegas de curso e por isso precisei fazer 8 cadeiras no semestre. Na época pensei que conseguiria passar no máximo em 4. 
Comecei a consultar com um psicólogo e uma psicopedagoga. Fiz algumas avaliações que levaram ao diagnóstico de transtorno do déficit de atenção e iniciei o tratamento.
Tudo ia bem até que por medo do meu pai e infantilidade da minha parte deixei de passar o valor que os profissionais cobravam para fazer visita à faculdade e falar com os meus professores.
E assim acabei perdendo a ajuda que tinha até então e passei a lutar sozinho, estava me entregando à depressão quando pensei: Ou me entrego à depressão, ou me apego a Deus. Optei pela segunda opção e me dei bem.
Foi uma batalha voraz, por tudo que tive que passar, mas consegui me formar em fonoaudiologia. Às vezes paro pra pensar e não acredito que consegui passar por tudo isso.
Atualmente não tenho condições de me tratar, mas assim que tiver vou lutar e muito para melhorar. Sei que tenho capacidade e vou conseguir.

Abraço a todos!

Um comentário:

  1. Fiquei feliz de achar esse blog. Sei exatamente como você se sente... Sou distímico há pelo menos uns 12 anos mas só agora fui à um psiquiatra e fui diagnosticado. Vou seguir teu blog! Abraço e que tenhamos alegria de viver.

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