Faz tempo que não escrevo, passei por muitas situações e uma delas é a que ninguém quer passar, ou seja, perder um ente querido. O meu tio há algum tempo vinha lutando contra um câncer (doença maldita) no fígado. Só pra ter uma idéia, quando ele descobriu a doença os médicos deram apenas dois anos de vida e ele conseguiu viver um ano a mais.
Esse meu tio era irmão da minha mãe (ela tem outro que é deficiente auditivo) e nos ajudou muito quando os meus pais se separaram. Ele durante um tempo mandava dinheiro para a minha mãe pra ajudar no nosso sustento e sempre que ela precisava de algo, lá estava o meu tio para socorrer.
Estes últimos dias foram bem críticos, minha tia ligou para minha mãe para que viajasse já que a previsão era de que meu tio não aguentasse muito tempo. Minha mãe é uma história a parte, pois desde que meu tio descobriu esta doença é que ela acabou desenvolvendo uma depressão.
Sabendo da gravidade da situação minha irmã e eu viajamos até a cidade onde moram os meus tios. Quando chegamos ao apartamento deles, a minha mãe nos recebeu e estava chorando, pois haviam ligado do hospital pedindo pela presença da minha tia e das minhas primas e elas seguiram para lá.
Tentamos acalmar a minha mãe e ali percebi que não poderia deixá-la só e que neste momento difícil teria que assumir o meu papel de filho e passar força pra ela.
Uma hora após ter chegado à cidade com minha irmã, a minha tia e as minhas primas chegam e falam o que não queríamos ouvir: "Ele partiu, ele se foi". Muito triste isso.
E foi então que passei a viver uma situação que até então não havia vivenciado: Ver como se procede nestas questões burocráticas (lugar do velório, cemitério, avisar os conhecidos, publicar nota nos jornais).
A minha prima encontrou dificuldades para achar um cemitério, pois praticamente todos estavam lotados, mas conseguiu achar e num lugar verde e bonito como o meu tio gostava.
À tarde vieram o meu pai e minha madrasta, seguimos para o velório e minha irmã disse que deveria estar preparado para ver o estado em que a doença deixou o meu tio.
Peguei a mão da minha mãe e fomos juntos até a capela. Ao ver o corpo do meu tio, minha mãe começou a chorar copiosamente, pegou na mão dele e eu fiz o mesmo. Não sei o que aconteceu, pois sempre tive medo (frescura) de tocar em pessoas mortas, mas quando toquei no meu tio me senti seguro e outra coisa: Eu não tive vontade de chorar, fui bem forte! Depois até acariciei a testa gelada do meu tio. Ele estava muito magro devido ao câncer!
Minha madrasta começou a enfeitar com flores o caixão do meu tio e minha mãe e eu a ajudamos.
Precisei segurar "a barra" porque minha mãe estava desolada e muito abalada. Fiquei o tempo todo do seu lado.
E na despedida precisei conter a minha mãe e emocionado acariciei a testa do meu tio e agradeci por tudo o que ele fez de bom por nós.
Não é porque partiu, mas ele era uma pessoa muito boa, se dava bem com todo mundo e foi um guerreiro que lutou até o fim.
E para quem acredita: De noite enquanto velávamos o meu tio, a minha prima recebeu uma ligação do centro espírita que frequenta. A pessoa que falou com ela disse que meu tio havia sido "resgatado" e que estava no "hospital" sendo cuidado e logo estaria curado.
Quando voltamos para a nossa cidade, minha irmã foi no centro espírita (ela é espírita) e lá eles fizeram uma prece em favor do meu tio e ela teria o visto todo de branco e mais parece que o meu avô teria o recebido.
Se essa coisa de espiritismo é verdade, eu não sei. Saberei apenas no dia em que morrer, mas que seria bonito saber que a vida não acaba aqui e continua num outro plano seria.